MARTINHO OFREDUCCIO:O GATO POETA

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quarta-feira, 29 de julho de 2009


Eu, o melro e ela



,ali, onde a fonte se cala.


Eu escutava a nuvem
que se ergue
altiva na tarde íntima
e se dilui
em sílabas de sal.



Eras, então, miragem:


como quem fixa
no verde da erva
o coração e
sobre o peito enche
a taça vazia de juras

_Eu juro_dizias

nas veredas do caminho
escrevias em branco e_sem medo_

ele ouvia mudo
com a inocência das suas penas.

_Eu juro_que por este rio

hei-de descer ainda
até lhe sentir o sal
queimar o âmago da luz.

Ali, onde a nuvem

_que já não somos_

nos disser o mesmo dizer

dos cânticos descidos

das fontes e, sob a tenda,

a noite_no seu embalar azul_

descer do seu pedestal.


Éramos acrobatas sem chão

para que outros fossem

o chão raso, onde brotam

os rebentos alegres e verdes


r_a_s_t_e_j_a_n_t_e_s
na sombra húmida,
em direcção à chama do braseiro,
sem a qual, o silêncio
não dorme
ou as pétalas exultam
a glória do beijo dado
sobre o leito iridescente
de estrelas em botão.

Eu floresci no início de Janeiro,
tão jovem ainda
e tão chegado a Ela,

_Parti.


Martinho Ofreduccio (gato-poeta do século XX)

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