MARTINHO OFREDUCCIO:O GATO POETA

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quarta-feira, 28 de abril de 2010




Uma lua sem memória,
Uma lua nova:
Um presente crepuscular,
Uma rosa orvalhada
A poesia tresmalhada e os canteiros
De estrelas em chuva de flores.
E eu, a lua.
E o poema, o círculo,
Onde a fonte é o céu,
E a lua fora do texto.
Lua em botão,
Fim de Verão:
As dálias alegres
E redonda a minha saia.
Pintado de branco,
O banco, onde me sento:
-o Globo em perpétuo movimento.
*
Dito por um gato-poeta de nome Martinho Ofreduccio

segunda-feira, 26 de abril de 2010


A excelsa luz esmaece o final de tarde,
Envolvida na poeira dos caminhos
E, como o pano sobre o palco,
A cortina de sombras cai sobre
A fugaz paisagem das videiras.
Sorri, pois ainda mal se esfumaram
Os sonhos da noite anterior,
Sorri, pois, com o sorriso aberto das flores
Na manhã que há-de vir.
Na distância da dor, desdobra-te
Em curva e fecha-te,
Até que os sinos cessem de tocar
E, de novo, a tarde seja a tangente
Da imaginação, no corte da realidade.
E eu,
assim, me vou sentindo também flor,
E a flor,
livre de ser rosa, ou ervilha-de-cheiro.
»

Dito por um gato-poeta do séc.xx, de nome Martinho Ofreduccio

sábado, 3 de abril de 2010


Olha, como se distancia de mim
Um simples til, soltando-se
Da palma da minha mão.
Uma frágil borboleta, voando assim:
Com o ímpeto do meu coração!
Ah, se ela pudesse pousar aqui,
Voltaria o sonho, depois da gestação:
Entre a mão e a borboleta,
O poema, a desdobrar-se em violeta
E a forma, a transcender o poema
***
Dito por um gato-poeta do séc xx de nome Martinho Ofreduccio

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