MARTINHO OFREDUCCIO:O GATO POETA

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domingo, 23 de maio de 2010


Não sei como as folhas,
em remoinho,
acordam ao lado das fontes.
Não é o acaso, que nem os versos,
sedentos de rigor,
afinam com o imprevisto.
Será o sol que as desperta
e eu as ouço
no silêncio deste quarto!
Tudo parece tão simples,
até o murmúrio
da luz, ao desfazer-se,
com o seu vagar,
nas frestas da janela.
E, assim, as vozes
do mundo se revelam,
em uníssono;
um rumor que parece
atravessar os vitrais do tempo.
A espessura da sua leveza
transforma-as em cânticos
e orações.
Tempo de acenos felizes,
acordar ao lado da manhã
e cantar:
ser folha ao lado das fontes.

*

Dito por um gato-poeta, de nome Martinho (séc. xx)

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